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O Instituto de Investigação da Paz de Estocolmo (Sipri) resume no seu
anuário de 2013 as vendas mundiais de armas e serviços militares das
cem maiores empresas de armamento e equipamento bélico para o ano de
2011. As vendas destas empresas atingiram 465.770 milhões de dólares em
2011, contra 411 milhões em 2010, o que representa um aumento de 14%.
Desde 2002, as vendas dessas empresas aumentaram cerca de 60%,
confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise
financeira que tem sacudido o mundo.
Destas cem empresas que o anuário do Sipri analisa, as dez primeiras
tiveram vendas de 233.540 milhões de dólares, isto é, cerca de 50% do
total alcançado pelas Top Cem. Nenhum setor econômico cresceu tanto como
a indústria de armamento, o que dá conta de um entusiasmo sem lógica
pelas guerras.
Já temos assinalado os perigos que envolvem o lucrativo negócio da
guerra e o detalhado relatório do instituto sueco, confirmando as nossas
suspeitas. Este instituto deveria pedir contas a essa Academia, também
sueca, que outorga o Nobel da Paz, sobretudo por entregar o prêmio a
alguém que valida o orwelliano mundo de que a guerra é a paz.
Um mundo demencial
Se há algo demencial e irracional no fato das fábricas de armamento
terem mais lucros que qualquer outro setor industrial, também é de
insanidade profunda que isso não seja informado publicamente. As
fábricas de armamento, de origem privada, absorvem parte importante dos
orçamentos públicos. Ou seja, é o contribuinte, uma vez mais, o
principal financiador dos senhores da guerra.
Uma despesa que só com as cem primeiras chega a meio bilhão de dólares anuais. E agora que está na moda a tecnologia dos drones aviões
não tripulados) não é de estranhar que sete das dez primeiras empresas
operem no espaço aéreo. Muito menos é de estranhar que destas cem
empresas, 47 sejam dos Estados Unidos.
As empresas estadunidenses garantem cerca de 60% das vendas totais de
armamento que essas top cem produzem. Daí a correlação entre a dívida
pública e a despesa militar que estabelecemos para alguns anos, para
compreender o problema da dívida pública dos Estados Unidos.
Estas são as dez primeiras empresas da lista no ranking 2011 (os dados entre parênteses correspondem ao ranking 2010):
(1). Lockheed Martin (EUA) Mísseis, eletrônica e espaço aéreo.
Vendas de 36.270 milhões dólares em 2011. Lucros líquidos: 2,655 bilhões
de dólares. 123.000 empregados (132.000).
(2). Boeing (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, espaço aéreo.
Vendas de 31,83 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 4,018 bilhões de
dólares. 171.700 empregados (160.500).
(3). BAE Systems (Reino Unido) Aviões, artilharia, mísseis,
veículos militares, naves. Vendas de 29,15 bilhões de dólares. Lucros
líquidos de 2,349 bilhões de dólares. 93.500 empregados (98.200).
(4). General Dynamics (EUA) Artilharia, eletrônica. Vendas de
23,76 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 2,526 bilhões de dólares,
95.100 empregados (90.000).
(5). Raytheon (EUA) Mísseis, eletrônica. Vendas de 22,47 bilhões
de dólares. Lucros líquidos de 1,896 bilhões de dólares. 71.00
empregados (72.400).
(6). Northrop Grumman (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, navios
de guerra. Vendas de 21,39 bilhões. Lucros líquidos de 2,118 bilhões de
dólares. 72.500 empregados (117.100).
(7). EADS (UE) Aviões, eletrônica, mísseis. Vendas de 16,39
bilhões de dólares. Lucros líquidos de 1,442 bilhões de dólares. 133.120
empregados (121.690).
(8). Finmeccanica (Itália) Aviões, veículos de artilharia,
mísseis. Vendas de 14,56 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 902
milhões de dólares. 70.470 empregados (75.200).
(9). L-3 Communications (EUA) Eletrônica. Vendas de 12,52 bilhões
de dólares. Lucros líquidos de 956 milhões de dólares. 61.000
empregados (63.000).
(10). United Technologies (EUA) Aeronaves, eletrônica, motores.
Vendas de 11,64 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 5,347 bilhões de
dólares. 199.900 empregados (208.220).
Esses números confirmam que a guerra é um dos melhores negócios para
alguns países e que, inclusive, põe à prova as recessões e as crises
financeiras. E, apesar de terem importantes lucros, também criam
desemprego.
O grande problema é que precisam se alimentar diariamente com novas
guerras, por isso há que as inventar. Que fariam essas empresas se
houvesse paz? Por isso, todas as guerras baseiam-se no engano e na
manipulação das massas, como as armas químicas de destruição em massa de
Saddam Hussein, que há dez anos permitiram aos Estados Unidos invadir o
Iraque, perante a complacência de todo o mundo. Repetirá outra vez?
Fonte: Verdade explicita
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